Beber água engarrafada pode fazer você ingerir mais de 570 kg de microplásticos na vida: entenda o risco

Beber água engarrafada parece uma escolha segura, limpa e confiável para milhões de pessoas. No Brasil, o consumo desse tipo de água também é altíssimo, especialmente em regiões onde a água da torneira não é potável ou inspira desconfiança. Mas uma nova análise feita por pesquisadores da WellnessPulse nos Estados Unidos alerta para um problema invisível: os microplásticos. Segundo o estudo, uma pessoa que consome apenas água engarrafada pode ingerir mais de 570 kg dessas partículas ao longo da vida.

Microplásticos na alimentação
microplástico em garrafa de plástico

O que são microplásticos?

Microplásticos são partículas microscópicas de plástico, com tamanho entre 1 nanômetro (invisíveis a olho nu) e 5 milímetros. Elas estão em toda parte: no ar, no solo, nos alimentos, na água que bebemos e, agora sabemos, também no nosso corpo.

Essas partículas entram em nossa água engarrafada principalmente devido à embalagem plástica (PET ou rPET), mas também durante os processos de purificação da água. O problema não está apenas no tipo de material usado, mas em toda a cadeia de produção.

O estudo sobre o microplástico e seus cenários

A pesquisa estimou a ingestão de microplásticos ao longo de 76 anos, expectativa média de vida nos EUA. Os cientistas calcularam a quantidade de água recomendada por idade e sexo, desconsiderando a água proveniente de alimentos. Quatro cenários foram criados:

  • Cenário A: 100% da água consumida é engarrafada

  • Cenário B: 80% engarrafada e 20% da torneira

  • Cenário C: 20% engarrafada e 80% da torneira

  • Cenário D: 100% da torneira

Vamos focar nos três mais relevantes.

 
Cenário A: 100% água engarrafada
  • Homens: podem ingerir até 574 kg (1.265 lbs) de microplásticos ao longo da vida.

  • Mulheres: cerca de 429 kg (946 lbs).

Apesar da maioria desses microplásticos ser eliminada pelo organismo, os cientistas estimam que uma pequena porcentagem (0,004%) se acumula nos órgãos e tecidos. No final das contas:

  • Homens acumulam cerca de 23 g de plástico no corpo.

  • Mulheres, cerca de 17,2 g.

Isso equivale a um conjunto completo de talheres descartáveis (garfo, faca e colher).

 
Cenário C: 20% água engarrafada

Esse é um cenário mais realista em países com água potável de torneira, como o Brasil em algumas regiões:

  • Homens: ingestão de 144 kg (317 lbs) e acúmulo de 6 g de microplásticos (equivalente a duas tampas de garrafa).

  • Mulheres: 108 kg (238 lbs) ingeridos e 4,3 g acumulados (equivalente a um cartão de crédito).

 
Cenário D: 100% água da torneira

Mesmo evitando completamente água engarrafada, ainda há contaminação por microplásticos:

  • Homens: 37 kg (82 lbs) ingeridos, com acúmulo de 1,5 g (equivalente a 3 canudos).

  • Mulheres: 28 kg (62 lbs) ingeridos, com acúmulo de 1 g (cerca de 2 canudos).

Esses dados impressionam e mostram que, mesmo fazendo escolhas conscientes, como evitar água engarrafada, ainda estamos expostos à contaminação por microplásticos. Embora a maior parte dessas partículas seja eliminada pelo organismo, a fração que se acumula ao longo da vida levanta sérias questões sobre os efeitos a longo prazo na saúde humana. Diante disso, é fundamental repensar o consumo de plásticos no dia a dia e pressionar por soluções mais sustentáveis na produção e no tratamento da água. Pequenas mudanças individuais e políticas públicas eficazes podem fazer toda a diferença para reduzir essa exposição silenciosa.

microplástico no cérebro
O que são microplásticos

O problema é só da garrafa?

Não. Dos 31 principais fabricantes de água mineral nos EUA, 61% vendem exclusivamente em garrafas plásticas (PET ou rPET). Apenas 13% evitam completamente o plástico, optando por vidro, alumínio ou materiais renováveis como o bio-PE (feito de cana-de-açúcar ou milho).

Mas mesmo marcas que usam embalagens alternativas não estão imunes. A purificação da água também pode introduzir microplásticos. Ou seja, o problema é sistêmico.

Qual o cenário no Brasil para o microplástico em garrafas de água?

No Brasil, a grande maioria das marcas de água mineral utiliza embalagens plásticas do tipo PET, assim como acontece em outros países. Opções como vidro, alumínio ou materiais renováveis ainda são pouco comuns e geralmente restritas a marcas premium ou voltadas para consumidores ambientalmente conscientes. Isso significa que a exposição aos microplásticos por meio das garrafas plásticas também é uma realidade para os brasileiros.

Mas o problema vai além da embalagem. Mesmo marcas que utilizam materiais alternativos não estão completamente livres da contaminação. Estudos apontam que o próprio processo de purificação da água pode introduzir microplásticos — por meio de filtros, encanamentos ou até mesmo partículas suspensas no ar dentro das fábricas. Ou seja, o desafio é sistêmico e está presente em toda a cadeia de produção da água engarrafada.

Quais são os riscos do microplástico à saúde?

Ainda há muitas perguntas sem resposta, mas estudos iniciais ligam a exposição a microplásticos a:

  • Estresse oxidativo

  • Disfunção metabólica

  • Inflamação crônica

  • Problemas neurológicos

  • Doenças autoimunes

  • Infertilidade

Um estudo de 2024 apontou que pessoas com microplásticos em placas nos vasos sanguíneos têm 4,5 vezes mais risco de sofrer infarto ou AVC. Outro achado sugere que pessoas com demência têm concentrações muito maiores de microplásticos no cérebro. E pacientes com doenças intestinais inflamatórias apresentaram quase 50% mais microplásticos nas fezes que pessoas saudáveis.

Ainda não se sabe se os microplásticos causam essas doenças ou apenas agravam condições preexistentes. Mas os sinais de alerta estão se acumulando.

Como reduzir sua exposição ao microplástico?

Se você quer diminuir a quantidade de microplásticos que ingere, aqui vão algumas dicas práticas:

  • Prefira água filtrada da torneira quando ela for potável.

  • Evite consumir água em garrafas plásticas sempre que possível.

  • Use garrafas reutilizáveis de aço inoxidável ou vidro.

  • Instale filtros de qualidade em casa, preferencialmente com membranas que capturam microplásticos.

  • Evite expor garrafas plásticas ao calor (como deixar no carro), pois isso aumenta a liberação de partículas.

Reduzir a exposição a microplásticos não exige mudanças radicais, mas sim escolhas conscientes no dia a dia. Com atitudes simples, como trocar a garrafa plástica por uma reutilizável e investir em um bom filtro doméstico, você já dá um passo importante para proteger sua saúde e também o meio ambiente.

O que isso significa para o Brasil?

Ainda faltam estudos detalhados sobre a presença de microplásticos na água engarrafada brasileira. No entanto, é razoável imaginar que os números não estejam muito distantes dos encontrados nos EUA. Afinal, o tipo de embalagem é o mesmo, e os processos de purificação são similares.

Com isso, fica o alerta: o consumo excessivo de água engarrafada pode não ser tão seguro quanto pensamos. Mais do que nunca, precisamos cobrar transparência da indústria, exigir regulações mais rigorosas e repensar nossos hábitos de consumo.

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