Dipirona: por que o remédio queridinho do Brasil é proibido em mais de 30 países

A dipirona, também conhecida como metamizol, é um dos analgésicos mais consumidos no Brasil para aliviar dores e febres. De fácil acesso nas farmácias e vendida sem receita médica, ela faz parte da rotina de milhões de brasileiros. Mas o que poucos sabem é que o medicamento é proibido em mais de 30 países, incluindo Estados Unidos, Austrália e Reino Unido.

Essa proibição desperta a curiosidade: afinal, por que um remédio tão comum por aqui é considerado arriscado em outros lugares? Vamos explorar a fundo para que serve a dipirona, quando seu uso não é indicado, quais riscos estão envolvidos e quais alternativas outros países utilizam.

Para que o dipirona é indicado

A dipirona é indicada principalmente para o alívio de dores leves a moderadas e para a redução da febre. Seu mecanismo de ação envolve tanto a inibição parcial da produção de prostaglandinas (moléculas ligadas à inflamação e à dor) quanto a interrupção da transmissão do sinal de dor entre os neurônios e o cérebro.

No Brasil, a dipirona é amplamente utilizada para:

  • Dores de cabeça comuns

  • Cólicas menstruais

  • Dores musculares ou articulares

  • Febres resistentes a outros antitérmicos

Um dos motivos de sua popularidade é que, para muitos, ela oferece alívio mais rápido e eficaz do que paracetamol ou ibuprofeno. Porém, como qualquer medicamento, não é isenta de riscos.

Quando não tomar dipirona

Apesar de ser considerada segura pela Anvisa, a dipirona possui contraindicações importantes que nem sempre são lembradas. Pessoas alérgicas ao princípio ativo ou a outros derivados pirazolônicos não devem utilizá-la.

Além disso, a dipirona não é indicada para:

  • Gestantes, especialmente no terceiro trimestre

  • Lactantes, pois pequenas quantidades podem passar para o leite materno

  • Pessoas com doenças no sangue, como problemas na medula óssea

  • Pacientes com histórico de reações graves a medicamentos

Outro ponto crucial é ficar atento a sinais de reações adversas graves, como febre persistente, manchas vermelhas na pele, sangramentos incomuns e feridas na boca — sintomas que podem indicar agranulocitose, um efeito colateral raro, mas potencialmente perigoso.

Por que o dipirona é proibido em vários países

A polêmica da dipirona começou na década de 1960, quando estudos apontaram que ela poderia causar agranulocitose — uma queda drástica na quantidade de glóbulos brancos, enfraquecendo o sistema imunológico e aumentando o risco de infecções graves.

Um dos estudos mais conhecidos, conduzido pelo cientista Charles Huguley, indicou que 1 em cada 174 pessoas que tomavam aminopirina (medicamento precursor da dipirona) morria dessa complicação. Por associação, acreditou-se que a dipirona teria o mesmo risco.

Diante disso, países como EUA, Austrália e Reino Unido optaram por banir ou restringir severamente o medicamento.

No entanto, pesquisas posteriores — incluindo um estudo com 22 milhões de pessoas — mostraram que o risco real de agranulocitose com dipirona é de cerca de 1 caso para cada 1 milhão de usuários, e que, com tratamento adequado, a recuperação é possível em mais de 90% dos casos.

Mesmo assim, a má reputação permaneceu e a proibição continua vigente em diversos países.

O que os americanos usam no lugar da dipirona

Nos Estados Unidos, onde a dipirona não está disponível, a dor e a febre são tratadas principalmente com dois medicamentos:

  • Paracetamol (acetaminofeno): muito usado para dor e febre, mas pode causar lesões hepáticas graves em doses elevadas.

  • Ibuprofeno: eficaz contra inflamações, dores e febre, porém pode irritar o estômago e não é indicado para quem tem problemas renais ou gástricos.

Em casos específicos, outros anti-inflamatórios ou analgésicos mais potentes, como opioides, podem ser prescritos — embora estes apresentem alto risco de dependência e efeitos colaterais severos.

dipirona_proibição

Qual a diferença entre paracetamol e dipirona

A dipirona e o paracetamol têm funções semelhantes, mas atuam de formas diferentes no organismo.

  • Dipirona: além de reduzir a febre, interfere na percepção da dor no sistema nervoso central e tem leve ação anti-inflamatória.

  • Paracetamol: é eficaz no alívio da dor e no controle da febre, mas praticamente não apresenta efeito anti-inflamatório.

Outra diferença importante está nos riscos:

  • O uso excessivo de paracetamol pode causar danos graves e até irreversíveis ao fígado.

  • A dipirona, por sua vez, raramente causa problemas hepáticos, mas carrega o risco — embora baixo — de agranulocitose.

Por isso, a escolha entre um e outro deve levar em conta o histórico de saúde, a intensidade dos sintomas e, sempre que possível, orientação médica.

Dipirona no Brasil: é seguro ou não?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avaliou extensivamente os riscos da dipirona em 2001 e concluiu que o medicamento é tão seguro quanto outros analgésicos de venda livre disponíveis no país.

Além disso, a realidade brasileira mostra que milhões de pessoas usam dipirona todos os anos sem problemas graves. Ainda assim, a recomendação é clara: nunca se automedicar de forma exagerada, ler a bula e procurar orientação profissional em caso de sintomas incomuns.

Uso consciente da dipirona: benefícios e cuidados essenciais

A dipirona é um exemplo de como a percepção sobre a segurança de um medicamento pode variar de acordo com o país e as políticas de saúde. No Brasil, seu uso é comum e regulamentado, oferecendo alívio eficaz para dores e febres. Já em outras nações, o receio quanto aos efeitos adversos prevalece.

O mais importante é lembrar que todo medicamento, mesmo os de uso rotineiro, pode apresentar riscos. A automedicação frequente sem avaliação médica pode mascarar doenças mais graves e aumentar a chance de efeitos colaterais.

Seja dipirona, paracetamol ou qualquer outro analgésico, a chave está no uso consciente, nas doses corretas e na busca de atendimento quando a dor ou a febre não passam.

A diferença entre o remédio e o veneno está na dose

Paracelso, século XVI

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1 comentário

  • Gustavo Augusto

    Melhor mesmo é não precisar tomar remédio

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