Você já tomou um remédio para dor e se sentiu “leve”, relaxado ou até um pouco eufórico? Pode parecer inofensivo, mas esse efeito pode ser um sinal de alerta. Neste artigo, vamos falar sobre um dos tipos de analgésicos mais potentes e perigosos do mundo moderno: os opioides. Com uma origem milenar, esses medicamentos têm potencial para aliviar dores intensas — mas também carregam o risco de causar vício e até overdose.
A origem dos opioides: da papoula aos medicamentos modernos
A história dos opioides começa há milhares de anos com uma planta aparentemente inofensiva: a papoula. Sua flor é bonita e delicada, mas guarda um segredo em sua seiva — o ópio. Essa substância era usada tanto para fins medicinais quanto como droga recreativa, devido à sensação de euforia e relaxamento que proporciona.
No século XIX, um marco importante foi a extração da morfina por Friedrich Sertüner, um cientista alemão. Ele isolou uma das principais substâncias analgésicas do ópio, permitindo o uso médico sem os efeitos colaterais mais severos. Depois dela, vieram outros compostos, como a codeína, que também possui propriedades analgésicas, porém mais leves.
Com o avanço da medicina, os opioides passaram a ser usados para tratar dores intensas, especialmente após cirurgias ou em casos de doenças como o câncer. Eles são tão eficazes porque se ligam diretamente a receptores no nosso sistema nervoso, bloqueando a sensação de dor de forma muito mais potente do que analgésicos comuns.


Como os opioides funcionam no corpo humano?
Para entender por que os opioides são tão eficazes — e tão perigosos — é importante saber como funcionam no corpo. Quando sentimos dor, como bater o dedinho na quina da mesa, os neurônios enviam sinais ao cérebro para registrar a sensação. O corpo, por sua vez, possui moléculas que ajudam a “desligar” esses sinais quando necessário, ligando-se a receptores na superfície dos neurônios.
Os opioides imitam essas moléculas naturais, se ligando aos mesmos receptores e bloqueando os sinais de dor. O problema é que eles também interferem nas áreas do cérebro responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar, liberando grandes quantidades de dopamina — o “hormônio do prazer”. Esse efeito, embora prazeroso no curto prazo, pode ser o primeiro passo para um vício perigoso.
Quando o remédio vira veneno
O uso contínuo de opioides faz com que o corpo se adapte. O organismo passa a diminuir a quantidade de receptores disponíveis, e a mesma dose do remédio deixa de surtir efeito. A pessoa sente a necessidade de doses cada vez maiores para obter alívio e prazer. É o início da dependência física.
Essa dependência física pode evoluir para uma dependência química, o vício propriamente dito. A pessoa começa a tomar doses cada vez mais altas, não só para aliviar a dor, mas para evitar os sintomas de abstinência e tentar recuperar aquela sensação inicial de bem-estar.
E aqui está o maior perigo: o aumento de doses pode causar uma overdose. O organismo perde a capacidade de controlar funções vitais como a respiração e a frequência cardíaca, o que pode levar a coma e morte.
A crise dos opioides nos Estados Unidos
Em 2020, cerca de 68 mil pessoas morreram nos Estados Unidos por overdose de opioides. O principal vilão foi o fentanil, um opioide sintético até 100 vezes mais potente que a morfina. Ele foi desenvolvido para tratar dores intensas, especialmente em pacientes com câncer, mas acabou dominando o mercado ilegal.
Pessoas com histórico de uso de opioides passaram a buscar o fentanil como substituto mais barato e potente. O resultado foi uma epidemia de dependência e mortes, considerada uma das maiores crises de saúde pública da história recente dos EUA.
E no Brasil?
O Brasil ainda está longe de uma epidemia como a dos Estados Unidos, mas o sinal de alerta já foi acionado. Entre 2009 e 2015, as prescrições de opioides saltaram de 1,6 milhão para 9 milhões no país. Ainda que o acesso a esses medicamentos seja mais controlado por aqui, o aumento no consumo preocupa médicos e autoridades.
Entre os opioides mais comuns vendidos legalmente no Brasil estão:
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Codeína (presentes em medicamentos como Codex e Tylex)
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Fentanil (Durogesic, Fentanest)
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Oxicodona (OxyContin)
Segundo um estudo da Fiocruz, 3% da população brasileira já havia tomado opioides sem prescrição médica em 2015. Esse número é três vezes maior do que o uso declarado de crack e dez vezes maior que o de cocaína.
Quando o uso é realmente necessário
Os opioides são extremamente úteis em tratamentos de dor moderada a intensa, principalmente quando outras alternativas não funcionam. Casos como dor crônica, fraturas graves, pós-operatórios ou doenças terminais, como alguns tipos de câncer, justificam seu uso.
No entanto, o uso precisa ser controlado, com acompanhamento médico rigoroso e por tempo limitado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam uma escala de medicamentos, em que os opioides só entram em ação quando analgésicos mais leves, como paracetamol e dipirona, não forem suficientes.
Como evitar o vício em remédios?
A melhor forma de prevenir o vício em opioides é seguir à risca a prescrição médica: dose certa, data de início e de término do tratamento. Nunca compartilhe o remédio com outra pessoa, mesmo que ela esteja sentindo dor. Cada organismo responde de forma diferente e o que funciona para um pode ser perigoso para outro.
Se você ou alguém próximo estiver tomando opioides por tempo prolongado, fique atento a sinais como:
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Necessidade de aumentar a dose com frequência
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Sensação de euforia após o uso
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Uso do medicamento mesmo sem dor intensa
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Irritabilidade ou mal-estar ao parar de tomar
Ao perceber qualquer um desses sinais, procure ajuda médica imediatamente.
Opioides: entre o alívio da dor e o risco de tragédia – o que o Brasil ainda pode evitar
Os opioides representam um grande avanço no tratamento da dor, mas precisam ser usados com extremo cuidado. Seu poder analgésico pode salvar vidas — ou destruí-las, se usados de forma inadequada. No Brasil, ainda temos tempo de evitar uma crise como a vivida nos EUA, desde que haja informação, responsabilidade médica e controle rigoroso.
Compartilhar informação é uma das armas mais poderosas que temos contra o uso indevido de medicamentos. Se você conhece alguém que toma remédios para dor com frequência, envie este artigo. E lembre-se: dor não se combate sozinho — procure sempre orientação médica.
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