O remédio que pode transformar você em zumbi

Um simples remédio para dor, que nasceu como uma promessa de alívio para pacientes em sofrimento extremo, está agora se tornando um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Estamos falando do fentanil — uma substância tão potente que bastam 2 miligramas para causar a morte por parada respiratória. Nos Estados Unidos, ele já mata mais de 70 mil pessoas por ano. No Brasil, seu uso ainda está sob certo controle, mas os sinais de alerta já estão piscando.

vício em opioides
fentanil
uso indevido de medicamentos

Como um remédio virou uma crise de saúde

O fentanil foi desenvolvido na década de 1960 como uma alternativa potente à morfina, com o objetivo de tratar dores intensas, especialmente em pacientes com câncer ou submetidos a cirurgias. Seu poder analgésico é 100 vezes maior que o da morfina e, por isso, ele é amplamente utilizado em hospitais até hoje.

Mas foi justamente essa potência que atraiu o mercado ilegal de drogas. O fentanil começou a ser desviado, vendido nas ruas e, pior, adicionado a outras substâncias como cocaína, LSD e heroína, para potencializar o efeito e aumentar o vício dos usuários. O resultado? Uma epidemia devastadora nos Estados Unidos, com milhões de pessoas dependentes e um número crescente de mortes por overdose.

A origem do problema: opioides e o ciclo do vício

Para entender a crise do fentanil, é preciso voltar no tempo. Durante a Guerra Civil americana, soldados feridos recebiam morfina para aliviar a dor. Após a guerra, muitos continuaram usando o medicamento, não por dor física, mas por dependência. A tentativa de combater esse vício levou à criação da heroína em 1898, inicialmente promovida como uma opção menos viciante — o que rapidamente se mostrou falso.

Décadas depois, o fentanil surgiu como a nova esperança da medicina. No entanto, a história começou a se repetir.

Os opioides, como o fentanil, morfina, heroína, codeína e tramadol, atuam diretamente nos receptores de dor do cérebro, bloqueando a sensação dolorosa. Só que esses mesmos receptores também estão envolvidos na regulação do humor, do estresse e da tomada de decisões. Por isso, o uso prolongado de opioides não só reduz a dor, mas também altera o comportamento, causando euforia, relaxamento extremo, confusão e, em muitos casos, dependência.

A droga zumbi: como o fentanil afeta o corpo

Em doses hospitalares e sob supervisão médica, o fentanil pode salvar vidas. Mas nas ruas, ele é usado de forma descontrolada. Seu efeito sedativo é tão forte que causa lentidão, desorientação e até perda de consciência — daí o apelido de “droga zumbi”.

O maior perigo está em seu impacto na respiração. O fentanil desacelera o ritmo respiratório, o que pode ser fatal em poucos minutos se a pessoa estiver sem assistência. Em hospitais, esse risco é controlado com aparelhos de suporte. Mas fora desse ambiente, especialmente em usos recreativos, é praticamente uma roleta-russa.

Basta uma dose mínima, menor que a ponta de um lápis, para causar parada respiratória. É um risco invisível e silencioso.

Como os Estados Unidos entraram em colapso

Nos Estados Unidos, o fentanil começou a ser receitado em larga escala para dores comuns, como dores nas costas ou enxaquecas. Pacientes saíam dos hospitais com receitas para 20 comprimidos, mesmo precisando de apenas três. O excesso de medicamento era guardado em casa e usado sem critério.

Esse uso prolongado leva à tolerância — o organismo se acostuma ao remédio, exigindo doses cada vez maiores para o mesmo efeito. E assim começa o ciclo do vício. Quando o remédio acaba, surgem os sintomas da abstinência: calafrios, dores, vômitos, insônia, irritação. Muitos recorrem ao mercado ilegal para conseguir mais.

Com a demanda crescente, traficantes passaram a produzir fentanil clandestinamente e misturá-lo a outras drogas. Hoje, ele é a principal causa de mortes por overdose nos EUA.

E o Brasil? A crise já chegou?

Embora o Brasil tenha leis mais rígidas para opioides, o risco de uma crise semelhante é real. Entre 2009 e 2015, a venda de opioides aumentou 500% no país. Medicamentos como Codex (com codeína), Tramal (com tramadol) e Durogesic (com fentanil) já fazem parte da rotina de muitas pessoas.

A boa notícia é que, por aqui, os opioides são receitados com mais cautela. A maioria dos médicos ainda prefere opções como paracetamol, dipirona e anti-inflamatórios antes de recorrer a opioides. Além disso, a propaganda de medicamentos controlados é proibida, o que reduz a exposição do público a esse tipo de produto.

No entanto, o contrabando de fentanil já está ocorrendo. A Polícia Federal tem feito apreensões da substância misturada com outras drogas, o que mostra que o mercado ilegal está atento às brechas da fiscalização.

Como se proteger e proteger quem você ama

O primeiro passo é a informação. Muitas pessoas usam opioides sem saber o que estão tomando. Por isso, é fundamental ler a bula, seguir rigorosamente a orientação médica e nunca usar medicamentos prescritos para outra pessoa.

Se você tem remédios como codeína, tramadol ou fentanil em casa, guarde-os com segurança e descarte qualquer sobra de forma adequada, preferencialmente entregando em postos de coleta autorizados.

Além disso, converse com amigos e familiares que usam remédios para dor com frequência. Compartilhar informações como este artigo pode ajudar a evitar que uma tragédia aconteça por falta de conhecimento.

O papel do governo e da sociedade

Para evitar uma crise como a dos Estados Unidos, o Brasil precisa de políticas públicas mais firmes. Isso inclui o fortalecimento da fiscalização sobre a prescrição e a venda de opioides, maior controle na distribuição hospitalar e investimento em pesquisas que monitorem o consumo dessas substâncias tanto nas ruas quanto nas residências.

Ações de educação em saúde também são fundamentais. Campanhas que informem a população sobre os riscos do uso inadequado de opioides podem salvar vidas.

Opioides não são vilões — mas exigem respeito

É importante reforçar que os opioides, incluindo o fentanil, são medicamentos valiosos quando usados de forma correta. Eles aliviam dores intensas e proporcionam qualidade de vida para pessoas com doenças graves.

O problema está no uso indiscriminado, sem acompanhamento, e na banalização de um medicamento que deve ser tratado com extrema responsabilidade. A crise nos Estados Unidos deixou claro que ignorar os riscos pode levar a um colapso no sistema de saúde.

Se você ou alguém próximo está fazendo uso frequente de remédios para dor, procure orientação médica. E, principalmente, esteja atento aos sinais do vício. O conhecimento é nossa melhor defesa contra uma crise que pode ser evitada.

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