Imagine você realizando o sonho de férias em uma praia paradisíaca, como Lucrécio, nosso personagem fictício. Ao tentar aplicar seu protetor solar, é surpreendido por um salva-vidas: o produto é proibido naquela região. Parece exagero? Pois saiba que diversos países ao redor do mundo estão banindo certos protetores solares. E a razão pode surpreender: eles estão contribuindo para a destruição de recifes de corais e afetando ecossistemas marinhos inteiros.
Mas será que esses filtros fazem mal só para o meio ambiente? Ou também podem representar riscos à saúde humana? Neste artigo, você vai entender tudo sobre o tema e descobrir o que pode fazer para se proteger do sol sem agredir os oceanos.
O que há no seu protetor solar?
Os protetores solares são essenciais para proteger a pele contra os raios ultravioletas (UV), que aumentam o risco de câncer de pele, queimaduras solares e envelhecimento precoce. Mas nem todos os filtros são iguais.
Existem dois tipos principais:
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Filtro solar químico (ou orgânico): absorve os raios UV e os transforma em calor. É o mais comum, encontrado nas farmácias. Contém substâncias como oxibenzona, octinoxato, octocrileno e benzofenona, que vêm sendo associadas a impactos negativos no meio ambiente.
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Filtro solar físico (ou inorgânico): cria uma barreira na pele que reflete os raios UV. Contém minerais como óxido de zinco e dióxido de titânio, sendo menos agressivo para o corpo e para o meio ambiente.
Na prática, muitos produtos usam uma mistura dos dois.
A ameaça aos corais
Quando você aplica protetor solar e entra no mar, parte do produto se dissolve na água. Substâncias químicas como a oxibenzona são absorvidas por organismos marinhos — de algas a peixes. Mas os mais afetados são os corais.
Os corais são seres vivos que formam estruturas chamadas de recifes, que sustentam cerca de 25% da vida marinha do planeta. Esses recifes funcionam como “condomínios” subaquáticos, abrigando milhares de espécies. No entanto, eles são extremamente sensíveis a mudanças na composição da água.
Estudos mostram que certos filtros solares químicos provocam estresse nos corais, levando ao chamado branqueamento. Quando isso ocorre, eles perdem suas algas simbióticas (que fornecem nutrientes e coloração) e expõem seu esqueleto branco. Sem essas algas, os corais deixam de crescer e, em muitos casos, morrem.
O impacto do protetor solar é real – e enorme
Todos os anos, cerca de 14 mil toneladas de protetores solares acabam nos oceanos, especialmente em regiões turísticas com piscinas naturais e águas rasas. E o resultado é devastador:
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Perda de biodiversidade marinha
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Redução de peixes e frutos do mar para o consumo humano
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Impactos econômicos em comunidades pesqueiras e no turismo
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Desequilíbrio ecológico global, já que os oceanos ajudam a regular o clima do planeta
E mais: cientistas alertam que a morte dos corais é um sinal de que os oceanos estão doentes. E, com eles, todo o planeta sofre as consequências.
Onde os protetores solares já foram proibidos?
Diante desses impactos, alguns países começaram a agir. Veja alguns exemplos:
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Palau (Oceano Pacífico): primeiro país a proibir a venda e o uso de protetores solares com substâncias prejudiciais, em 2020.
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Havaí (EUA), Tailândia, Aruba, Bonaire, Cancún e Playa del Carmen (México): todos adotaram restrições a filtros solares químicos.
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Fernando de Noronha (Brasil): única região brasileira com restrição ao uso, válida apenas para piscinas naturais como a da Praia do Atalaia. Curiosamente, lá até os filtros físicos estão proibidos, em áreas específicas.
Essas medidas refletem uma crescente conscientização global sobre a urgência de proteger os ecossistemas marinhos. Ao restringirem o uso de certos tipos de protetores solares, esses países estão buscando equilibrar a proteção da saúde humana com a preservação ambiental. A expectativa é que, com mais estudos e pressão popular, outras nações também adotem políticas similares — e que consumidores, como você, façam escolhas mais conscientes no dia a dia. Afinal, pequenas atitudes individuais podem gerar grandes impactos para o futuro do planeta.
E quanto à saúde humana?
Se os filtros químicos fazem tanto mal à vida marinha, será que também são perigosos para nós?
Estudos demonstram que substâncias como a oxibenzona são absorvidas pela pele e entram na corrente sanguínea. Em 2019, a FDA (agência reguladora dos EUA, equivalente à Anvisa) solicitou mais testes de segurança sobre esses compostos.
Ainda não há provas conclusivas de que eles fazem mal aos humanos, mas alguns estudos com ratos indicam potenciais efeitos hormonais, como:
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Alterações nas glândulas mamárias
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Problemas de fertilidade
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Machos desenvolvendo características femininas
Mas atenção: esses efeitos ainda não foram confirmados em humanos. Por isso, os órgãos de saúde pública continuam recomendando o uso de protetores solares, já que os benefícios na prevenção do câncer de pele são amplamente comprovados.
Como se proteger sem poluir?
A boa notícia é que existem alternativas mais seguras. Os filtros físicos com óxido de zinco e dióxido de titânio são considerados seguros tanto para a saúde quanto para os oceanos — desde que não estejam em forma de nanopartículas, que podem penetrar a pele.
Além disso, você pode adotar outras medidas:
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Evite o sol entre 10h e 16h
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Use roupas com proteção UV
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Prefira marcas comprometidas com o meio ambiente
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Verifique o rótulo e evite substâncias como: oxibenzona, octinoxato, benzofenona, octocrileno, entre outras listadas pelo NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA)
Proteger sua pele não precisa significar prejudicar o planeta. Ao escolher protetores solares com fórmulas seguras e adotar hábitos conscientes, você contribui para a preservação dos oceanos e da vida marinha, sem abrir mão da sua saúde. A mudança começa no rótulo e nas suas decisões diárias. Cada escolha importa — e a sua pode ser parte da solução para um futuro mais sustentável.
Uma marca brasileira de destaque
No Brasil, a empresa KHOR se destaca por oferecer protetores solares físicos, veganos, livres de microplásticos, parabenos e ftalatos. Eles utilizam extrato de algas marinhas e seus produtos não deixam aquele efeito esbranquiçado na pele, pois usam micropartículas (que não penetram no organismo).
A marca também oferece FPS 15 e FPS 30, ambos com proteção contra os raios UVA — os mais perigosos — e com formulação reef safe, ou seja, seguras para os recifes de corais.
Conclusão: precisamos mudar nossos hábitos
A crise dos corais é apenas uma peça do quebra-cabeça ambiental, mas uma peça essencial. A ciência já mostrou que nossos hábitos afetam diretamente os oceanos, e a escolha de um protetor solar pode fazer a diferença entre um recife saudável e um ecossistema devastado.
A boa notícia? Você pode ajudar. Escolha protetores solares físicos, use barreiras físicas como roupas e chapéus, evite nadar com protetor em locais sensíveis e apoie marcas sustentáveis. Pequenas mudanças de atitude podem preservar não só a sua pele — mas também o planeta.
5 comentários
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